Majo no Tabitabi — Elaina, a menina que não se intrometia

majo no tabitabi

Majo no Tabitabi até que teve um bom fim de temporada, deixando o final em aberto para continuação. E, convenhamos, a forma como o anime se passa daria muito bem para deixar ao infinito.

Oi, aqui é a Bogo e esse texto contará um pouquinho sobre a protagonista de Majo no Tabitabi.

Explicando melhor: The Wandering Witch conta as histórias que aconteceram na vida da bruxinha Elaina. Não querendo soar como uma tia escrevendo sobre criancinhas, mas essa personagem traz esse ar muito imaturo e, portanto, não consigo chamá-la de bruxa por si só o tempo inteiro. 

Protagonista de Majo no Tabitabi olha para a cidade
©Majo no Tabitabi

Quem é essa bela e fofa bruxinha que sai voando por aí contando as mais diversificadas histórias em cada episódio? Certamente a própria Elaina concordaria que é ela mesma, já que essa é a imagem que ela quer passar.

À primeira vista, o enredo já faz a gente perceber que Elaina é, desde o começo, uma bruxa muito habilidosa e esperta. Além disso, ela se mete em várias situações engraçadas e seu início é muito fofo.

Dessa forma, os primeiros episódios nos dão fôlego e animação, porém, ao passar das situações, ela vai deixando muito a desejar. E é nesse momento que entramos no foco desse artigo: Por que Elaina teria tanto essa visão de querer estar de fora?

©Majo no Tabitabi

Ultimamente, eu mesma, tenho pensado muito nisso sobre situações da vida real. Por que nos deixamos assistir a cenas terríveis? Por que preferimos observar o desenrolar que sabemos que não será bom ao invés de agir?

Atitudes nos episódios

Por cada episódio representar uma narrativa própria, podemos relacioná-las a contos. Mais que isso, as histórias realmente parecem saídas de um livro infantil de contos de fadas. Tanto os elementos delicados quanto aqueles com pegada mais grotesca dos originais. Dessa forma, Majo no Tabitabi tenta trazer uma pegada cheia de conceitos fortes que dançam entre o colorido da fofura do anime e o que de fato é a realidade mais perversa.

©Majo no Tabitabi

Dito isso, podemos observar como a protagonista reage. Inúmeras vezes, Elaina foi confrontada com situações em que ela poderia muito bem agir, mas ela decide não agir. Assume seu papel de observadora e deixa as coisas como estão, como se não se importasse o suficiente. Isso talvez seja embasado na forma como ela começou no mundo da bruxaria, mas ainda assim é digno de ser observado.

©Majo no Tabitabi

Bom, são 12 episódios na primeira temporada e a nossa bruxinha linda que viaja pelos céus resolve, sim, participar de algumas cenas contrariando seu próprio conceito de “estar ali para observar”. O que há em comum nessas situações? O simples fato da Elaina sentir que irá ganhar algo com isso: seja uma história, reconhecimento ou só para passar o tempo. 

Majo no Tabitabi é, por muitas vezes, divertido e outras melancólico de assistir. O fator “historinhas separadas” de cada episódio é realmente um diferencial especial. Tal como Doctor Who, com as suas várias aventuras e o foco no Doctor, essas séries tendem a abordar temáticas muito amplas ao dividir em casos e também potencializar a importância do protagonista, que, nesse caso, é uma bruxa que saiu cedo de casa e já decidiu que conheceria o mundo depois de todo o perrengue da iniciação.

Bonitinha e irritante?

Apesar disso, Elaina irrita. É uma protagonista que aparenta ter uma petulância acima do normal, ao mesmo tempo que se finge de morta. Mesmo assim, os que assistem as histórias, ou participam dela, têm um grande carinho por ela. 

No começo parece bonitinho e para alguns permanece esse ar de “que gracinha”, mas o fato é que Elaina diz se interessar em contar ao mundo histórias e é só isso. Ela não deseja ajudar a qualquer um, só aqueles que lhe cativarem. Chega a parecer aquele tipo de pessoa que só faz o bem quando está sendo observado.

©Majo no Tabitabi

Sobre o efeito de seu mote “Bem, não posso ajudar, estou de passagem”, Elaina continua suas viagens. A parte irônica é que por vezes ela para e ajuda em outras situações. E isso só aumenta o questionamento sobre os acontecimentos que ela deixou passar e quanto aos que ela resolveu se envolver.

Certamente, ela deve ter escrito sobre sua viagem e o grande amor do rapaz, mas deixou passar um sofrimento que era claramente notável em sua visita. Bom, não é de se meter, certo? Por outro lado, ela não mede consequências em libertar sua ira ou simplesmente se atirar aos próprios desejos, não se importando sobre o que poderia vir a acontecer com as pessoas ao redor. 

Obs.: Omiti mais informações desse último parágrafo para não dar um belo spoiler a quem não viu. Se você assistiu, espero que reconheça elementos de alguns episódios aqui.

A Elaina é sim uma personagem graficamente fofa, ela age de forma carismática, é esperta e ainda por cima habilidosa. Mas no quesito emocional e mental, aquela ali deixa tanto a desejar que me senti assistindo uma criatura nada empática agindo por compulsão.

Ela é assim e não muda?

Enfim, Majo no Tabitabi é bom, capaz de prender a atenção e de gerar muitos sentimentos, inclusive o de se confundir acerca da própria Elaina. Ansiar para ver a protagonista se ferrar é algo não muito comum, mas nesse caso as ações dessa menina sustentam uma aceitação ao desgosto.

Elaina não tem a empatia que a maioria dos protagonistas demonstra e muito menos mostra sinais significativos de avanço no plot inteiro. Ela pouco se importa se alguém vai sofrer ou se alguém vai morrer, se não for interferir em seus planos ou na sua imagem. 

Então, no episódio em que nos trazem as várias facetas de Elaina, será que queriam demonstrar que essa bruxa tem um lado humano forte? Porque, ao contrário de seu tempo como aprendiz, no decorrer de tantas histórias, ela só focou em fazer bonito. Está aí uma bela crítica: será que ajudamos para sermos vistos como grandes cidadãos , para postar em nossas redes sociais ou, até mesmo, porque os pensamentos dos que nos pediram ajuda vão de encontro aos nossos?

©Majo no Tabitabi

A personalidade da protagonista influencia em como a história é contada

Majo no Tabitabi é um anime para prestarmos atenção no que seria o ético a ser feito, pois em vários momentos as decisões tomadas se tornam bem questionáveis. Mas também é um anime para assistir numa boa, sem a necessidade de entender a sequência.

Quanto as histórias, apesar de ansiar pelos episódios, admito que nem todas tem lá seu grande impacto. É um anime que nos dá um tapa na cara, deixa a maré voltar e ficamos aflitos esperando se haverá um próximo tapa. Com poucos personagens que se repetem, será que um melhor desenvolvimento da própria Elaina não caberia nessa trajetória? Fica ai o questionamento.

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