Já não é novidade para muitos que os estudos sobre cultura pop japonesa, em especial sobre os animes e mangás, viraram coisa “séria” e protagonizam hoje discussões políticas e educacionais, principalmente se falarmos do conteúdo histórico que algumas dessas obras trazem em seus enredos principais, como em Patrulha Estelar Yamato.
Frutos de muitas pesquisas e estudos, temos obras que são verdadeiras enciclopédias em quadrinhos ou animações, podemos citar aqui títulos inesquecíveis como Rurouni Kenshin, Dororo, Samurai Champloo, entre outros tantos que, particularmente, eu devoro.
E falando dessa perspectiva não tão nova no cenário político e discursivo em que a cultura pop japonesa está cada vez mais inserida, não podemos deixar de condecorar uma das obras precursoras dessa narrativa: Uchuu Senkan Yamato, ou, para os amigos de longa data, Patrulha Estelar Yamato, com uma edição especial trazida pela Editora NewPop, através do seu selo Prime, que promete trazer obras históricas que revolucionaram o mercado.
Publicado originalmente no Japão pela revista Adventure King, entre os anos de 1974 e 1975, o mangá é uma adaptação do anime de enorme sucesso produzido por Leiji Matsumoto, que foi exibido pela Yomiuri TV entre os anos de 1974 e 1981, finalizando a sua trajetória impressa em 3 volumes.
A HISTÓRIA
A clássica ópera espacial conta a história de um planeta Terra que vem sofrendo ataques radioativos intermináveis do Império Gamilas, alienígenas originários de uma das nuvens de Magalhães, galáxias satélite da Via Láctea, forçando assim toda a humanidade a viver uma vida subterrânea (numa grande metrópole, diga-se de passagem), porque, por causa dos ataques, até os oceanos secaram, fazendo com que cada vez mais o planeta se danificasse. Até que chega o momento em que o planeta só tem mais 1 ano de vida antes de se tornar inabitável.
O enredo realmente se inicia quando a base de Marte recepta uma mensagem misteriosa vinda de Starsha, uma alienígena que, em seu planeta Iskandar, contém o “CosmoCleaner”, que pode restaurar a Terra. Para buscar esse material, Starsha disponibiliza conhecimentos técnicos para a construção de uma nave equipada com um “motor de ondas”, que seria capaz de viajar além da velocidade da luz e ter um enorme poder de destruição.
Para essa missão é escolhido um antigo navio de guerra utilizado 250 anos atrás, o Yamato.
A IMPORTÂNCIA DA OBRA
Estudiosos de todo o mundo reconhecem o reflexo da obra no contexto da Segunda Guerra Mundial, ela pode ser entendida como uma metáfora para recontar a guerra sob um ponto de vista japonês. Sendo os terráqueos uma reimpressão dos japoneses e o Império de Gamilas uma referência aos alemães, além de termos uma clara representação de um regime de governo totalitário dos gamilanos contrapondo com o ideal do Yamato reelaborado e representando a liberdade. Mas, é claro que nenhuma dessas teorias e comparações jamais foi afirmada como correta pelos autores da obra.
Mas, a importância desse título não se resume “apenas” ao seu conteúdo histórico. Enquanto comemorava a chegada do meu exemplar, soltei alguns tweets falando sobre o quanto estava feliz com a chegada do volume, e eis que a repercussão foi de muita nostalgia e saudosismo.
Patrulha Estelar Yamato acompanhou a infância de muitos telespectadores mirins da rede Manchete, e criou vínculos fortes com as pessoas que se impressionaram com a profundidade da história e que, futuramente, viriam a ser os famosos “otakus raiz”, que se orgulhariam de ter sido fisgados por essa obra maestral.
LEIJI MATSUMOTO
Como já descrevi um pouco no meu texto exclusivo sobre o autor, Leiji Matsumoto e seu Universo de Ficção, Akira Matsumoto, ou, como preferia ser chamado, Leiji Matsumoto, nasceu em 25 de Janeiro de 1938 e é o mangaká e ilustrador criador de diversas obras (inclusive para a cultura pop ocidental). Seu trabalho tem características marcantes de um estilo pessoal no design gráfico e psicológico de seus personagens com tendências a dramas, tragédias e ópera espacial.
Com obras conhecidíssimas como Interstella 5555, Captain Harlock e os Piratas do Espaço, Galaxy Express 999, Rainha Esmeraldas e o próprio Patrulha Estelar Yamato, Matsumoto criou todo um estilo único não apenas de design e de narrativa espacial e psicológica, mas também deu sequência ao que chamamos de Leijiverso, onde várias de suas obras se conectam em algum ponto dos enredos.
Ele foi responsável também por uma das obras que mais marcou a minha trajetória otaku, Gun Frontier, talvez um dos títulos menos conhecidos do autor, para a minha infelicidade. É uma obra muito madura e diferente do que eu, enquanto adolescente, já havia visto.
Matsumoto recebeu premiações como a Ordre des Arts et des Lettres, prêmio concebido pelo Ministério da Cultura da França que visa recompensar as pessoas que se distinguem pela sua criação no domínio artístico e literário, contribuindo assim para o desenvolvimento das artes e das letras na França e no mundo.
A EDIÇÃO PRIME DA NEWPOP
Por fim, após toda essa explicação também ponderada pela equipe da Editora NewPop, o mangá de Patrulha Estelar Yamato ganhou o seu lugar nas livrarias brasileiras. Não como um exemplar comum, mas como uma obra vinda através do selo Prime da editora.
Com um ótimo acabamento em capa dura, os 3 volumes da obra foram compilados em um só nesse exemplar, fazendo com que o super mangá finalizasse com suas 648 páginas em formato 15 x 21 cm.
E, se engana quem pensa que o exemplar é difícil de manusear ou muito pesado, por ter páginas mais finas, o volume apostou em impressões de muita qualidade, fazendo com que o mangá seja leve apesar do tamanho mas mantenha um padrão de qualidade.
Fiquei muito feliz com a aquisição e decisão da editora por Patrulha Estelar Yamato e ainda mais contente em ver que a obra teve seu destino no selo Prime!
Você pode adquirir o seu exemplar através do site oficial da editora neste link aqui.