Um casal de irmãos viaja rumo ao cemitério onde seus pais estavam enterrados. Johnny, o mal humorado irmão mais velho, e Bárbara, a insistente irmã mais nova embarcam na luta contra o levante dos mortos.
A trama inicia com a visita dos irmãos ao túmulo de seus pais em uma zona rural, e são atacados logo de cara. Johnny morre para salvar sua irmã, que consegue escapar e sai em busca de socorro mesmo em estado de choque. Confusa e sozinha, Bárbara se refugia numa casa de campo, onde mais tarde recebe a visita de Ben, um outro sobrevivente em fuga do ataque da hora de zumbis.
A narrativa de A Noite dos Mortos-Vivos é repleta de ação e cenas carregadas de tensão, fazendo com que o leitor se insira mais e mais na história. A história foca basicamente em nos mostrar como cada pessoa lida de forma diferente em situações de perigo, com algumas sendo egoístas, traiçoeiras e até mesmo aproveitando o caos para serem completamente cruéis. Com uma carga de crítica social, a trama vai além de uma simples história de sobrevivência e zumbi.
“Viver é se remexer constantemente em um túmulo. As coisas vivem e morrem. Às vezes vivem bem e às vezes vivem mal, mas sempre morrem, e a morte é aquilo que reduz todas as coisas ao menor denominador comum.” Pág.17
A edição analisada em questão é uma edição comemorativa de 50 anos, logo, a edição conta também a continuação A Volta dos Mortos-Vivos.
Na sequência A Volta dos Mortos-Vivos, a trama está habituada num período de dez anos após o primeiro levante dos mortos. Tudo voltou a sua devida normalidade, como se os zumbis nunca tivessem existido. Até que um acidente de ônibus com vários óbitos acaba sendo o estopim para o segundo levante dos mortos-vivos. Assim o pandemônio retorna para assombrar os humanos, e novamente o autor volta para a crítica social acerca do comportamento dos sobreviventes que se aproveitam do caos para seu próprio prazer, deixando essas situações ainda mais tensa e cruel do que na trama anterior, aqui, a população saqueia, estupra, mata e comete maldade sem nenhum medo ou remorso.
“A cabeça rachada e o rosto dilacerado se projetavam do para-brisa quebrado, o pescoço quase inteiramente decepado pelo vidro. Embora o motor não estivesse mais funcionando, destruído pelo impacto, os faróis ainda estava acessos.” Pág.221
A Noite dos Mortos-Vivos e sua sequência retratam mais do que um apocalipse zumbi, eles retratam a face cruel do ser-humano em frente ao caos, e como em alguns momentos essas ações são ainda mais tensas do que o apocalipse em si. Ver o ser humano se aproveitar do caos para abrir mão de sua humanidade é um cenário indigesto e as vezes, real.
Como amante do gênero de sobrevivência e apocalipse zumbi, o livro foi um deleite para mim, principalmente por ter conhecido a trama nas telinhas com o filme de 1968 e na adaptação de 1990. Confesso que me surpreendi ainda mais com as questões sociais e reflexivas do livro, o que só enriqueceu ainda mais a trama.
Os cenários das duas tramas acabam diferindo bastante uma da outra: Enquanto na em A Noite dos Mortos-Vivos temos apenas o cemitério e, logo em seguida, a casa em que o grupo de sobreviventes fica, dão uma leve sensação claustrofóbica na trama, em A Volta dos Mortos-Vivos, inicia justamente em uma cidade e acaba por explorar diversos ambientes, mesmo tendo como cenário principal uma residência.
A edição comemorativa de 50 anos da editora Darkside é SENSACIONAL, as ilustrações de Daniel Beyrut deixaram tudo ainda mais belo, mas eu confesso que o “tiro” na cabeça do zumbi que fura todo o livro é um detalhe único e que pouquíssimas editoras teriam coragem de colocar em suas edições.
Curiosidades sobre A Noite dos Mortos-Vivos:
- O roteiro de John Russo e George Romero foi o primeiro a conceituar os seres humanoides como devoradores de carne humana
- Foi no roteiro de A Noite dos Mortos-Vivos que foi instaurado o conceito de que zumbis só morrem com ferimentos na cabeça e que humanos podem virar zumbis se forem feridos por eles;
- O longa A Noite dos Mortos-Vivos foi o primeiro filme de terror a escalar um protagonista negro, o ator Duane Jones.