Quando falado de basquete em anime, muitos vão lembrar dos nomes populares como Slam Dunk e Kuroko no Basket. Porém, a exatamente um ano atrás, um outro anime com foco em basquete pintaria as quadras com sua história de arrepiar e de emocionar. Hoje, vamos falar dele: Ahiru no Sora – A mescla perfeita de esporte e drama. (O texto está livre de qualquer spoiler)
Ahiru no Sora começou a ser exibido no dia 02 de outubro de 2019 e sua primeira temporada pretende ser finalizada com um total de 50 episódios, na mesma semana da postagem deste texto. A animação ficou por conta do estúdio Diomedia (Domestic na Kanojo, Fuuka, Kantai Collection), na direção de Shingo Tamaki (Aho Girl). O anime foi uma adaptação da sua obra original, mangá escrito e ilustrado por Takeshi Hinata, onde é serializado desde dezembro de 2003 na revista Weekly Shonen Magazine.
Sua história gira em torno do protagonista Sora Kurumatani, um estudante do ensino médio com 1,49 metros de altura que deseja enfrentar as quadras de basquete, mesmo estando na clara desvantagem por causa de seu tamanho. No começo, Sora se muda para longe de sua cidade natal e entra na Kuzuryuu High School para poder ficar perto de sua mãe que está internada em um hospital desta cidade.
Sua mãe já foi uma grande jogadora de basquete nos seus tempos áureos, e seu filho Sora sempre foi inspirado a se dedicar ao máximo para poder se tornar um jogador tão bom e honroso quanto a sua mãe já foi. A altura é apenas mais um obstáculo para o seu sucesso, já que o mesmo tenta driblar esta desvantagem por se focar muito na velocidade de suas pernas e com foco nas cestas de 3 pontos.
O que aguardaria Sora no começo do seu ensino médio não era exatamente treinos e jogos para a disputa de campeonatos, mas sim vários problemas e desentendimentos com outros membros do clube de basquete desta escola, que eram um bando de delinquentes e praticamente desapegados ao esporte. Sora então se compromete a reerguer o time de basquete e a trilhar uma jornada que não será nada fácil.
A princípio, o que me leva a trazer este texto para o NSV é algo que andei refletindo nesses últimos dias que andei assistindo o anime. Se tem algo que Ahiru no Sora consegue fazer muito bem é de trazer o drama pra dentro de sua história e mesclar junto do esporte que atua como o gênero principal.
É natural e bem recorrente que histórias de esporte acabem pegando outros gêneros para trazer mais dinamismo à sua história, contudo poucos conseguem fazer o que Ahiru no Sora faz com o esporte. Em um outro texto que comento sobre animes de esporte, citei que vem se tornando bem comum que os animes deste gênero se prendam em uma estratégia clichê de “treinamento > campeonato > baque > treinamento > campeonato > glória”. Acontece que Ahiru no Sora pega um pouco disto, porém o usa de uma outra equação para a formula do sucesso de sua história. Esta é o DRAMA, que por vezes se sobrepõe ao foco que era pra ser do esporte.
Chega de enrolar, pois vocês já entenderam que aqui neste anime, o drama é um ponto alto e também o catalizador do desenvolvimento narrativo desta série. Chego a comparar Ahiru no Sora com alguns outros mangás, como por exemplo “Rookies” e “GTO – Great Teacher Onizuka”. Esta é uma comparação bem leve e que se assimilam mais com a proposta de todos estas três obras citadas: a proposta de ter alguém na história que guie os delinquentes para o bom caminho da vida. No caso de Ahiru no Sora e Rookies é muito mais comparativo do que com o GTO, já que os dois primeiros citados se encaixam na mesma proposta e também é dado através do esporte em um clube extra curricular de uma escola do ensino médio; Ahiru no Sora com basquete e Rookies com beisebol.
Haikyuu, Major, Ace of Diamond, Hajime no Ippo, Megalo Box, Yowamushi Pedal, Initial D e muitos outros que eu poderia citar por mais alguns minutos de sua leitura. Todos estes já tentaram trabalhar o drama em algum ponto de seu roteiro, mas sem joga-lo como holofote já que o foco da história tem de a ir muitas vezes pelo mais óbvio que é o esporte — e fique bem claro. Não estou dizendo que Ahiru no Sora é melhor ou pior que todos estes citados em uma análise geral. Só estou enaltecendo o quanto ele trabalha melhor que os outros no ponto de encaixar o drama na história.
O que uma pessoa que procura um anime de esporte quer assistir? Ele quer ver jogo! Muitas partidas e desenvolvimento narrativo por escaladas nos campeonatos, com muita garra e esforço. Ganhar, perder, adquirir experiência, conflitos pessoais com indecisões e baques, momentos de tensões finais ao faltar poucos segundos para o ponto decisivo de uma partida; tudo isso e até mais compõem o que serve de base para um drama esportivo. Na maioria destes citados no parágrafo anterior descrevem muito bem a formula natural e mais básica para tentar pegar o público de maneira desprevenida, por mais que todos nós já tenhamos quase 100% de certeza quando o time do protagonista vai ganhar ou quando vai perder uma disputa.
Em Ahiru no Sora é um pouco diferente por trabalhar o seu drama como 50 a 50, dividindo com o basquete — Se o anime é de basquete, ele vai te mostrar um desenvolvimento por jogos de basquete, certo? Não necessariamente — Aqui em Ahiru, tem vezes que você cai na pergunta “tá! o anime é mais focado em desenvolver os problemas pessoais e sociais dos personagens em questão ou em desenvolvê-los através da gloriosa jornada trilhada no suor do esporte?”.
A resposta é: Os dois. Ahiru no Sora pega os problemas dos personagens e o usa como construção do backgrond para cada um deles. Te faz se importar com cada personagem do elenco principal da série. Ele te emerge para essa história e lhe proporciona momentos dramáticos nada forçado e muito jogado na fluidez de sua própria correnteza. As coisas fluem naturalmente para esta história. E claro, isso só foi possível graças ao belo trabalho do autor com esta história e com um roteiro que seguisse a linha dorsal de sua proposta.
Então o anime é mais focado no que acontece fora do esporte do que com o basquete mesmo em si? Negativo, o esporte e o drama andam lado a lado, como havia dito anteriormente — A ação de um é o gatilho para o reflexo do outro — quando algo acontece dentro da quadra, isso reflete na vida dos atletas. E toda ação feita fora da quadra também reflete (geralmente negativamente) nos momentos mais importantes da vida de cada um. Já viram algum anime de esporte que traz foco no desenvolvimento congruente do romance, sem parecer muito jogado de uma forma forçada? Talvez o mais próximo disso seja Major. Ahiru no Sora também trabalha este recurso da história com muito cuidado.
O coração chega a apertar nos momentos decisivos para os jogos de basquete, com aquela empolgação do “Vai ganhar! Vai perder! Ganhou! Perdeuuu!!… GANHOUUU!!!!”. O anime está em sua reta final e é uma boa hora pra dar aquela conferida, distribuída oficialmente pela Crunchyroll no Brasil. Garanto que não irá se arrepender. Dependendo, eu até penso em trazer um outro texto sobre o anime, apontando uma análise crítica e construtiva, levantando debates com os spoilers dos acontecimentos mostrados no anime. Mas, por hoje é só!