Recentemente, a Netflix disponibilizou em seu catálogo um filme que aborda um tema que há tempos tem causado especulações de vários especialistas em comportamento humano, profissionais da saúde e pais. Na verdade, trata-se de um documentário, que em primeiro momento apresenta a utilização das redes sociais como algo positivo, divertido, que promove a aproximação e muitos outros benefícios. Realmente não está de todo errado, mas como disse anteriormente, em um primeiro momento.
Após a apresentação de alguns profissionais renomados, uma questão é levantada sobre as redes sociais, se elas são tão boas, então qual é o problema? Esta pergunta simples e direta não causou nem uma resposta sequer, não pelo fato de não existir, mas sim pelo fato de haver muitas e todas com um nível de relevância alto demais para que seja escolhida uma somente, eclodindo assim, uma grande discussão sobre os efeitos colaterais que as mídias sociais causam no cotidiano da sociedade.
Estamos vivenciando a era da informação, um mundo baseado em informação, um novo ciclo e exatamente como ocorreu com a era industrial, essa nova era introduz diferentes hábitos relacionados as atuais gerações, estes hábitos são chamados de hábitos pós-modernos, sendo assim, fazemos parte da sociedade pós-moderna, que utiliza a facilidade de troca de informações para colocar a prova a construção e veracidade de dados informacionais, a disseminação de Fake News e a manipulação midiática gera uma ameaça a democracia e a humanidade como um todo.
O documentário apresenta a facilidade de manipulação que as redes sociais possuem e como isso afeta principalmente os jovens, os adolescentes e pré-adolescentes, que se encontram no início de suas construções sociais e buscam a aprovação de seus iguais. Outro ponto importante abordado é como as redes utilizam os usuários como produtos, estamos em uma vitrine, expondo nossos dados e vida pessoal, estas informações são um prato cheio para sermos manipulados e viciados em seus aplicativos.
A construção do documentário é muito boa e chegaria a ser cômica se não fosse trágica, devido as familiaridades das situações que são retratadas. O círculo vicioso apresentado deixa claro a futilidade de reconhecimento que as redes sociais oferecem e como isso afeta o psicológico, aumentando as taxas de ansiedade e outras doenças psicossomáticas. A evolução humana, em termos de fisiologia, não foi tão rápida quanto a evolução tecnológica, definitivamente não estamos preparados para isso.
A inteligência artificial comanda nosso mundo atual, e tudo bem! Isso não é exatamente ruim, acredito que se a tecnologia existe e está disponível, ela deve ser utilizada, mas depende de nós estabelecer os limites de influência que esta tecnologia possui, devemos lembrar que como humanos somos falhos e suscetíveis a tudo o que vemos. Uma ótima abordagem que o documentário apresenta, são os algoritmos representados como pessoas controlando as ações do usuário, exatamente como as emoções na animação Divertidamente, e como somos facilmente manipulados.
Confesso que a princípio o filme não tinha despertado minha atenção, mas depois de receber tantas recomendações resolvi assistir, fui influenciado pela opinião alheia via redes socias, não me arrependo disso, porém é tão polêmico e apresentado tão cruamente, que mesmo sendo recheado de fatos óbvios, nos causa um desconforto em discutir o assunto, porém recomendo a produção e deixo a conclusão por conta de cada um.