Em busca de retratar a rotina escolar de estudantes de um internato, Little Busters mostra a importância da criação de laços e como cultivar essas amizades. A proposta da obra é trabalhada com toques de fantasia, com um formato bem conhecido no mundo dos animes. Little Busters ainda mostra como os desejos podem cruzar todos os tipos de limites para conseguir salvar aqueles que amamos.
Little Busters é uma série de anime lançada no ano de 2012 pelo estúdio J.C. Staff. A história foi adaptada de uma visual novel desenvolvido pela Key. Little Busters é o sexto jogo da Key, a mesma criadora de títulos como Kanon, Air TV e Clannad. O sistema de jogo da série é constituída de várias histórias paralelas, onde a proposta foi seguida para a adaptação em anime. O local, onde se passa a maior parte da história, é em uma escola do ensino médio, denominada como o “segredo deste mundo”, como o personagem Kyousuke fala. Os personagens se encontram nos terrenos da escola e formam um grupo chamado “Little Busters” com o intuito de aproveitar os últimos momentos do ensino médio.
Assim, Little Busters consegue ser mais que um anime rotineiro escolar. A obra consegue retratar temas como infância e adolescência de uma forma singela. Temos também o ponto forte do anime, que é sobre a relações e a amizades, representado pelas relações que Riki Naoe, o protagonista, faz durante o anime. Isso tudo com um tom de fantasia e mistério, o que é a marca da Key.
As relações em Little Busters
Little Busters é um anime que consegue trabalhar de uma forma fiel a construção de relacionamento dos personagens. Primeiramente, nos encanta como é demonstrado a relação dos cinco personagens principais do anime: Riki, Rin, Kyousuke, Kengo e Masato. Eles são amigos desde crianças. Conseguimos sentir a verossimilhança daquela amizade do jeito que eles se tratam e conversam.
Podemos fazer até uma comparação com outras obras de criação da Key, como Clannad e Kanon. Tal fórmula da Key, que demonstra fortemente as relações dos personagens de uma forma singela, não é apenas uma história de amizade. É um anime de encontros, partidas e principalmente de confianças, onde esse tema é debatido principalmente na segunda temporada do anime, denominado como Little Busters Refrain. A proposta é que os personagens aproveitem seus últimos anos escolares, ao mesmo tempo que tudo pode acabar rapidamente de um dia para o outro.
Por mais que na primeira temporada do anime é focado nas relações que Riki faz durante a história, na segunda temporada temos um foco total na relação dos cinco personagens principais. A construção desse cinco personagens e seus contratempos, por causa do conflito principal, traz um grande impacto para o espectador, que se choca em como grandes amizades, mesmo de infância, podem ter seus contratempos.
Formato do anime
A grande maioria dos animes que foram adaptados dos jogos da Key seguem um formato famoso do mundo dos animes, o “harém”. É um formato onde temos o protagonista homem, ou seja, Riki no caso de Little Busters, e várias personagens mulheres com que ele pode acabar se envolvendo.
No entanto, Little Busters inova para não ser mais no mesmo, onde a proposta do formato é para nós espectadores conhecermos as personagens, junto com Riki. Sempre também tendo em mente que a pretendente principal dele é a Rin, personagem que tem um espaço de desenvolvimento na segunda temporada da série. Ao mesmo tempo, o formato harém é mudado às vezes já que o grupo original do Little Busters, formado pelos cinco primeiros personagens, acaba quebrando um pouco a proposta.
Assim, quando as personagens são apresentadas e desenvolvidas, temos praticamente uma mesma proposta, mas que não é cansativa de se acompanhar. Dessa forma, as personagens são apresentadas de um jeito para o espectador, onde temos personagens com personalidades fortemente definidas. Assim sendo, temos personagens inteligentes, tímidas, ou até “fofas até demais”. Essas personalidades contrastadas são usadas para a criação de um alívio cômico nos primeiros episódios de apresentação de arco de cada personagem.
Desse modo, uma personagem se mostra primeiramente de um jeito para o espectador, mas na verdade, em um conflito, a personagem se apresenta de outro jeito. Isso faz o espectador se impressionar. Podemos dar o exemplo da personagem Komari, a primeira personagem a entrar no grupo Little Busters no ensino médio. Ela se demonstra uma personagem alegre e fofa, mas esconde um passado em que ela ficou traumatizada pela morte de seu irmão. A mesma acaba bloqueando a morte de seu irmão de sua mente. Komari tem a primeira lembrança quando ela presencia um gato morto e acaba tendo um episódio psicótico.
A fantasia
Por mais que Little Busters seja um anime que busca retratar problemas pessoais que sejam ligados a escola ou traumas de personagens, temos a questão da fantasia. E pode-se dizer então que o grande conflito em Little Busters está ligado a fantasia. Primeiramente, como já disse em um texto meu sobre Clannad, só que lá no site Chimichangas, “o uso de elementos fantásticos é muito mais trazido pela marca da indústria de jogos, a Key, que busca trazer essa marca para seus enredos de uma forma leve, mas essencial para a trama.“ No entanto, a diferença de Little Busters para outros animes é que o elemento da fantasia está presente no conflito principal. Em outros animes adaptados dos jogos da Key, normalmente temos arcos dos personagens que podem estar ligados a fantasia.
Portanto, de uma forma simples, a fantasia consegue se encaixar com o enredo e a proposta do anime. O que faz responder alguns de nossos questionamentos e dando propósito ao tema central de Little Busters: “O que aquele mundo nos esconde?”. No anime, esse conflito vai sendo apresentado aos poucos. No começo, com gatos trazendo bilhetes para Rin e Riki sobre dicas daquele mundo. Ou até os episódios das paralisias de sono de Riki dão possíveis dicas. Essas dicas vão aparecendo até ser trabalhado mais diretamente na segunda temporada do anime, sendo o clímax da história sobre a verdade daquele mundo em que esses personagens vivem e a mensagem mais forte do anime.
O marco Key em Little Busters
Seja um estúdio de animação, ou uma empresa desenvolvedora de jogos como a Key que produz visual novel, essas empresas conseguem se destacar trazendo uma marca de sua empresa no conteúdo que eles produzem. No caso da Key, com certeza o que marca é o enredo de seus jogos que, depois são adaptados para anime, tem propostas muito parecidas. São desde o formato e os temas que são debatidos nessas obras. E o principal, a essência sobrenatural que a empresa consegue trabalhar muito bem em suas obras.
Assim sendo, Little Busters é mais uma obra cheia de emoções, outra proposta que a Key tenta buscar em seus jogos e que o estúdio J.C. Staff conseguiu adaptar na versão em anime. Little Busters assim é um anime que tem a mensagem principal sobre o fortalecimento das relações e ensinamentos, onde muitas pessoas podem tem um grande propósito para nós e como devemos valorizar as coisas mais simples da vida.